Minha vida gira em torno de novas tecnologias e da melhora constante do “que” e do “como” fazemos as coisas. As tecnologias do mundo digital me encantam e estimulam de forma especial, já que me esforço por entender como combiná-las a fim de chegar a um produto final. Eu sou naturalmente inquieto com as coisas e enxergar novas soluções para velhos ou novos problemas é o que faço com naturalidade e boa-vontade.
Fiz Engenharia Elétrica durante 3 anos, talvez por essas razões. Imaginei que lá pudesse encontrar uma forma de projetar o mundo, de criar o novo. E acho que poderia, é claro. Infelizmente o ambiente de estudo e o foco da engenharia são diversos do que eu desejava e acabei por deixar o curso, mesmo nunca tendo deixado a área em si. Hoje posso dizer que trabalho com praticamente a mesma problemática da época da engenharia, só que com outro foco: agora quero entender como as novas tecnologias se relacionam com as pessoas, tornando a utilização melhor, mais acessível e mais interessante pra elas. É um foco humano da tecnolgia.
Ao estudar Desenho Industrial, estava na busca de um ambiente mais humanizado que o da engenharia, além de poder me especializar profissionalmente em atividades que já desenvolvia desde criança (criação de logotipos, apresentações interativas, vídeos, composições “artísticas” estruturadas). Ao longo do tempo e devido ao meu gosto pessoal por filosofia e pela busca da verdade das coisas, sempre me interessei mais pelas disciplinas que propunham uma discussão crítica do próprio campo de design e da posição do designer enquanto produtor do mundo. Agradeço aos professores que fazem parte dessa história de (auto) construção constante.
Durante o curso, tive algumas oportunidades de estabelecer um diálogo entre a área tecnológica e a humana, como na disciplina de Ubiquidade Computacional, através da qual pudemos pensar o projeto de artefatos autosuficientes e conectados à internet, que funcionam mais na periferia da atenção; na disciplina de Scratch, através da qual todos puderam criar programas de computador para crianças; na disciplina de Projeto V, quando pudemos desenvolver um mapa eletrônico e físico da Universidade; na disciplina de Comunicação e Informação, quando pude desenvolver meu primeiro projeto relacionado à informação sobre o transporte público na cidade de Vitória, misturando programação e o Twitter em uma solução como prova-de-conceito de que é possível levar à população mais informação do que é levado hoje, com pouco esforço. Aliadas ao estudo e da história do ser humano através das disciplinas de ciências sociais aplicadas como a sociologia e a antropologia essas oportunidades foram, pra mim, o casamento perfeito entre o que me proponho a fazer na vida (solucionar problemas de forma inteligente) e a tecnologia atual.
Trabalho como programador, gerente de sistemas, designer… Tudo isso me leva a uma aproximação muito grande com tecnologia computacional e design. Os conceitos extraídos da programação e construção da abstração proveniente do raciocínio relacionado a esse tipo de processo criativo são fundamentais para toda a minha produção na vida, inclusive no design. Eu diria que a programação e o design estão, na essência do meu pensamento, mais conectados do que se imagina. Desse modo, meu foco acaba sendo a criação de soluções computacionais, visuais ou não, para o meio digital, apesar de ter conhecimento e capacidade de criar também para o mundo analógico. Onde há um programador visual ou um programador de computadores há demanda a ser explorada, porque sempre há o que se programar ou reinventar no mundo.