Com o crescimento do acesso aos bens de consumo, fomentado especialmente pela Revolução Industrial e sedimentado especialmente após a metade do século XX, a corrida pela obtenção de produtos e serviços levou a uma inevitável necessidade de diferenciação por parte dos comerciantes. Nesse contexto, compreender esse novo mercado que se abria para atender as vontades dos consumidores e oferecer cada vez mais bens de consumo diferenciados tornou-se imperativo para a sobrevivência das empresas. É, então, a partir destes fatores que surge o estudo e a aplicação sistemática de técnicas de compreensão deste mercado consumidor, de interação com potenciais compradores e de venda de produtos e serviços com mais “acerto”, a fim de que os benefícios para a indústria de bens e serviços possam mantê-la funcionando em plena atividade. Esse conjunto de técnicas, abordagens, estudos e preocupações com a relação entre fornecedores e consumidores é denominado marketing. O marketing tem por objetivo primordial combinar o atendimento às necessidades dos consumidores com a satisfação das necessidades das empresas fornecedoras. O marketing representa, portanto, um conjunto de ferramentas que capacita as empresas a compreenderem melhor o mercado em que atuam, maximizando seus lucros e atentendendo as reais necessidades de seus públicos-alvo.
É importante, portanto, compreender que, enquanto o estudo da venda (e das formas de vender) está focado nas necessidades do vendedor, o marketing interessa-se pela outra ponta do processo: o comprador. Através de diversas técnicas – que vão desde a criação de setores especializados em receber reclamações de clientes às pesquisas de campo – o marketing tenta compreender a realidade de dos clientes. Todo esse material, colhido pelo marketing, serve de base para o levantamento de dados que é sempre realizado nos processos de design. Preocupado com as estruturas de produtos e serviços, o design precisa compreender para criar de acordo com as necessidades e a colaboração entre marketing e design é essencial para o bom funcionamento do processo venda-compra. É importante ressaltar que o marketing faz uso de técnicas de propaganda para que sua mensagem chegue aos potenciais clientes: a propaganda é a ponte que existe entre o produto ou serviço real e o cliente beneficiário daquele bem. Ninguém pode desejar ou reconhecer que precisa de algo se não sabe que este algo existe e, portanto, a divulgação do bem ou serviço tem primordial importância tanto para as vendas e o lucro empresarial quanto para o próprio design em si. Afinal, um ótimo projeto de design pode se tornar um fracasso de vendas porque simplesmente os clientes sequer sabem que o produto existe.
É assim que podemos identificar uma relação íntima entre marketing e design, sendo ambos processos de construção dentro de uma empresa. Tanto em um quanto em outro temos ferramentas muito similares no que diz respeito à compreensão das necessidades de clientes e ao projeto voltado para o ambiente, a situação e as potencialidades do consumidor pretendido. O marketing estabeleceu, ao longo do tempo, um conjunto de quatro palavras-chave que define seu campo de atuação e suas preocupações principais: praça, preço, produto e promoção. Esses quatro “P” tem uma profunda relação com o design centrado no usuário, que podemos explorar da seguinte forma: quanto ao produto (ou serviço), tanto design quanto marketing preocupam-se em produzir algo que atenda às necessidades funcionais e emocionais de seus consumidores, embutindo no produto ou serviço características que contribuam para essa identificação do cliente com a empresa; quanto ao preço, enquanto o marketing está interessado em agregar o interesse da empresa (o lucro) com a faixa de compra do público-alvo, é competência do design refletir as características de preço na forma física do produto, em sua embalagem e em sua apresentação como um todo, além de preocupar-se com a maneira como será produzido, vendido, consumido e descartado; quanto à praça, marketing e design combinam forças para compreender os fluxos de potenciais clientes por determinado ambiente e suas características, aproveitando-se da dinâmica própria daquele local para melhor atrair a atenção e converter o interesse dos consumidores em vendas reais; por fim, quanto à promoção, temos marketing e design juntos como elaboradores de estratégias de fidelização de clientes, de obtenção de novos compradores, de divulgação da empresa e formação de sua imagem no mercado e, especificamente, vemos o design mais do nunca como ferramenta de produção de peças gráficas para propaganda de determinado produto ou serviço. Muitas vezes o design é popularmente visto como atuante somente na última atividade citada, o que leva a uma compreensão vazia e pequena da atividade de design. Da mesma forma, o marketing passou a ser visto simplesmente como propaganda (e muitas vezes uma falsa propaganda), enquanto esta é apenas uma de suas ferramentas de atuação.
Além dos 4 “P” citados, o marketing também estabeleceu como resultado de suas práticas outras cinco características que foram denominadas 5 “C”: cliente#, companhia, concorrentes, colaboradores, contexto. Nesses aspectos, mais uma vez, marketing e design centrado no usuário compartilham estratégias. Está nas raízes tanto do marketing quanto do design compreender todas essas dimensões da produção e levá-las em consideração quando há elaboração de planos de venda ou de projetos de produtos. É essencial levantar dados sobre os 5 “C” e refletir sobre suas conclusões no projeto de produtos e serviços, em conjunto, objetivando uma boa relação entre empresa, produto e cliente. A integração entre marketing e design é essencial para que a empresa atinja seus objetivos de mercado e para que os consumidores satisfaçam suas necessidades através dos produtos e/ou serviços oferecidos.